quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Síndrome de Clarisse



A impotência a consumia.
Seu quarto estava monocromático, com elevada entropia.
O ventilador implodia partículas de poeira para seu pulmão silicado.
Ao andar descalça, amassava folhas rabiscadas jogadas ao chão-terraprometidadosácaros.
Não ouvia os batimentos de seu coração infame: ouvia um som digno de devaneio: o motor do ventilador e um fraco estalar ritmado de um relógio.
Os dedos se moviam sozinhos, quase uma psicografia dos lamentos não ditos.
Um rosto no papel roubava as formas de uma mulher sofrida, de olhos amargos e surpreendidos pelo esperado.
Aquela não era ela.

Era?



Nenhum comentário:

Postar um comentário