Pobre diabo amargurado a lamentar.
Não imaginara o curso estupidamente meandro do rio.
- Filósofos, desistam: não há razão equacionável no homem. Psicólogos, iludidos: não há como dizer o que se sente, o que se é. Palavras são invenção vã, assim como o que escrevo. Juízes, seus afortunados: ganham dinheiro por algo que se faz a todo tempo, sem restrição para quimeras sentimentais.
No fim do arco-íris há um pote cheio de dopamina e serotonina, pêsames aos que tem medo de duendes (como eu).
Com o passar dos anos fica evidente que todos aqueles contos seculares e infantis são simples lições de conduta disfarçadas que se prendem a teu subconsciente com suas garras coloridas, floridas (por que não?); então tu perdes o medo do monstro embaixo da cama, o do armário, o medo do escuro (talvez), mas o medo de duendes não te abandona: esse temor te afasta de concretizar idealizações (felicidade é escrava da serotonina, crianças).
Se julgar fosse pecado, os cristãos não desejariam o céu.
Pode-se dizer que julgamento é uma intrínseca síntese de ações: por meio dele se fere, ilude-se, pensa-se que a verdade é aquilo demonstrado por outrém, deseja-se que pensamentos sejam sólidos e brotem da mente como a flor lotus na lama do Nilo.
Pobre diabo sem poesia.
Ela está na estante, no livro, na palavra, na miragem no asfalto quente.
Mas não nele.
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