sábado, 1 de maio de 2010

Castigo



Acordei em miséria pessoal.
Não, minto.
Transformei-me nela ao longo do dia vazio, desnudo, sem brisa.

O céu está tão limpo. Está desde agora lavado pelas lágrimas que derramarei em instantes.
É engraçado como meus olhos hoje descolorem a vida que desfila inconstante por mim, querendo ser notada.

Está quente, quero uma ventania. Quero uma tempestade, uma localizada para casar com meus sentimentos egocêntricos. Mas sem noite de núpcias. Quero que dure o bastante para me castigar. Abrir feridas profundas o suficiente para dilacerar os tecidos de minha alma.

Sem pesares, sem relevâncias.

Eu deveria estar fazendo algo útil.

Mais útil que sentar “ao ar livre” onde 34°C me sufocam e me desprovem do ar natural que vim buscar longe da realidade competitiva, desgastante e justa.

[...]

Pronto, voltei para ela.
Agora tudo muda.
Ambiente climatizado, legião de cerebelos desenvolvidos, sedentos por ter vez na escolha que o destino fará no final do ano.
Agora meus olhos estão menos embaçados, para não despertar a curiosidade alheia.
Se bem que já despertei ao usar uma camisa grande demais para mim, onde todos encontram escrita a frase “plante poesia”.
Pela primeira vez nesse ano não estou dando atenção a uma aula.
Estou a escrever até castigar os músculos que fazem meu garrancho surgir.
Eu mereço, esqueceu?
É a minha vontade. Livre e espontânea obrigação enquanto ser pensante.
Sinto dor. E dos mais variados tipos.
A dor física é a de menos importância, minha cabeça está habituada.
A psicológica me deixa com ânsias. Tenho nojo, nojo de mim.
É pela última que anseio meu castigo.

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